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Um Projeto da EE Prof Renanto de Arruda Penteado

Perfil da Comunidade
A população escolar provém de famílias numerosas, a maioria originária do nordeste do país.A instrução das famílias geralmente é o primeiro grau incompleto (semi-alfabetizados), havendo grande número de analfabetos e sem qualificação profissional.
A renda da população é baixa, situada na faixa de um a três salários mínimos, exigindo que todos elementos (ou quase todos) da família (crianças com idade precoce iniciem-se no mercado de trabalho ou assumam responsabilidade no lar para que a mãe possa trabalhar).
O Jardim Carumbé localiza-se no extremo da Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, tendo como bairros vizinhos: Jardim Paulistano, Morro Grande e Jardim Damasceno. A região é bastante acidentada, com habitações típicas de morro, muitas inacabadas, em situação irregular, com grande números de barracos e circundada por três grandes favelas: Jardim Nova Esperança, do Sapo e Paulistano II. É um local que apresenta muita violência. O bairro é periférico e de difícil acesso, atendido por duas linhas de ônibus, da Viação Jaraguá: (a) Jardim Paulistano - Praça do Correio; (b) Terezinha - Barra Funda; (c) Transporte Alternativo (clandestino); Carumbé-Lapa. Os ônibus estão sempre lotados nos horários de "pico", sendo insuficiente para a demanda.Em decorrência da realidade de sua comunidade, os alunos apresentam sérias deficiências, tais como: dificuldades de relaciona-mento no lar e na escola; ausência (ou pouco) de incentivo e acom-panhamento dos pais nos estudos; ausência de hábitos de leitura e contatos com a cultura.
HISTÓRICO
O projeto Paz: O Caminho de um Novo Amanhecer desenvolveu-se a partir da situação vivenciada pela escola e comunidade entre os anos de 1997 e 1998. Até esse período, a escola estava destruída moral e fisicamente. Suas paredes e muros estavam todos pichados, seus banheiros não tinham portas, o mobiliário embora não fosse velho, estava muito danificado, telhados em condições precárias, matagal ao redor da quadra com cobras venenosas.Isso era o reflexo da ação de alunos agressivos e, também, de adolescentes que não eram alunos da escola e que a invadiam com facilidade. O policiamento não era suficiente para controlar a situação. Sem cantina escolar, os alunos frequentavam um bar ao lado da escola, onde eram servidas bebidas alcoólicas. Bêbados enfrentavam os professores. A antiga Direção da escola, frequentemente, era obrigada a suspender as aulas.
Os funcionários da "Renato", desmotivados, foram deixando a escola, removendo-se para outros estabelecimentos até mais distantes de suas residências, para não ficarem expostos ao ambiente que existia dentro dela. Nessa ocasião, havia apenas um secretário e dois coordenadores. Os professores, revoltados e com a auto-estima em baixa, entravam em atrito e essa situação ocorria até mesmo na frente dos alunos, colaborando ainda mais com o ambiente desarmonioso.Do ponto de vista externo, a escola encontrava-se submetida ao toque de recolher de elementos estranhos, que estabeleciam "quantos minutos os ocupantes do prédio tinham para desocupá-lo, pois haveria acerto de contas entre eles". Como resultado desse confronto, nos dias seguintes eram encontrados corpos baleados, alguns de alunos da própria escola.
À 1a. Delegacia de Ensino da Capital, a qual a EE Prof. Renato de Arruda Penteado está jurisdicionada, a comunidade comparecia quase que diariamente. Reivindicava providências, seja pessoalmente ou por escrito à Dirigente Regional de Ensino, Profa. Neusa R. da Fonseca Abreu, que houve por bem designar Profa Eliana Bernardo de Mello como Diretora da escola, recebendo, logo de início, a incumbência de recuperar a dignidade do estabelecimento de ensino, através de um projeto, cujas diretrizes seriam traçadas pela Delegacia de Ensino com a escola.A nova Diretora convocou todos os professores para analisarem os problemas da escola e as falhas de cada um. Detectados os problemas, partiram para o desenvolvimento do lado positivo da situação. Conseguiram, dessa forma, desenvolver a participação de todos nas ações, que desencadeariam drásticas mudanças para um melhor comportamento dos frequentadores da escola e na comunidade.
Simultaneamente, a Delegacia de Ensino promovia a capacitação dos docentes, através de sua Oficina Pedagógica, em busca do resgate da auto-estima e incentivava a Direção da escola a buscar profissionais especializados - psicólogos, pedagogos e assistentes sociais - para auxiliar na procura dos meios para o desenvolvimento de um trabalho efetivo de solução dos problemas relativos ao relacionamento.
Posteriormente, foram convocados todos os alunos (cinco classes de cada vez) que, reunidos no refeitório da escola, foram consultados sobre o que os afligia. A partir desse trabalho, normas foram estabelecidas, baseadas nas propostas idealizadas por alunos e professores. Eram procedimentos básicos de funcionamento da escola: a entrada, a saída, as tolerâncias, direitos e deveres. Observava-se o interesse da maioria pelas mudanças.
A aproximação com a comunidade foi possível pela solicitação do trabalho voluntário dos pais, que cobriam, com boa vontade, a ausência de funcionários. Posteriormente, mesmo com a contratação de novos funcionários, esses pais continuaram ajudando. O "start" desse entrosamento deu-se quando os pais foram convidados a participar da vida de seus filhos, passando um dia inteiro na escola, assistindo às aulas. A partir dessa vivência, começaram a se interessar pela recuperação física do ambiente no qual seus filhos passavam parte de suas vidas e dependiam dele para sua formação futura.
O problema da falta de um local para lanches foi resolvido em março de 1998, com a instalação de uma cantina. Foi sensível a diminuição dos problemas com álcool e drogas anteriormente existentes.A escola mudava, mas era preciso mudar muito mais.
AVALIAÇÃO
Os resultados, após cada passo do projeto realizado em 98/99 foram: a mudança no comportamento dos alunos e da comunidade. A escola, que tinha uma imagem negativa, porém passou a ser um ponto de referência positiva no bairro, fruto do trabalho coletivo da Escola e sua comunidade.
O trabalho é contínuo e incessante. É o cidadão em ação na construção de uma sociedade justa, solidária e pacífica.
Hoje, a Escola Renato funciona como Centro Cultural do bairro.
A sua "Biblioteca" é usada por alunos e não-alunos. Existe uma integração entre a juventude da comunidade, através de eventos realizados na escola nos bailes, gincanas, campeonatos esportivos e até mesmo mutirões, participam com o compromisso de zelar pelo espaço físico com respeito mútuo no exercício pleno da cidadania.
Segundo nossos alunos, a Escola é o " Cérebro Pensante" do Jardim Carumbé. A Escola com sua comunidade, na luta contra a violência , encontrou o "Caminho da Paz".O estudioso americano PHD Peter Lucas, durante sua visita, disse que a Escola Renato é a primeira no mundo a desenvolver um "Projeto de Paz" e, como pioneira, é referência mundial como "Escola da Paz"…

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